A comunidade literária de Canela manifestou “desapontamento” e criticou a Prefeitura Municipal pela nova transferência da 24ª Feira do Livro Josué Guimarães, cuja abertura estava programada para esta sexta-feira, 12 de setembro. Em nota à imprensa, autores e outros integrantes do meio cultural refutaram as justificativas do poder público para a mudança, que integra o evento à programação do Sonho de Natal, estendendo sua duração de 30 de outubro de 2025 a 18 de janeiro de 2026.
Segundo comunicado da Prefeitura divulgado nesta semana, a decisão de unir os dois eventos visa a “maior visitação turística”, com a promessa de “melhor estrutura” e “maior divulgação”. A administração municipal argumenta que a integração fortalecerá a feira, proporcionando uma experiência cultural mais rica para moradores e visitantes, com lançamentos de livros, palestras com escritores e oficinas. A união, segundo a prefeitura, também impulsionaria o turismo e a economia local.
No entanto, o manifesto da comunidade literária classifica como “não críveis” os motivos elencados pelo Município. O grupo destaca que a longa duração do evento no período natalino inviabiliza a participação de autores e livreiros itinerantes, que não teriam como permanecer por mais de dois meses na Praça João Corrêa.
Outra grande preocupação é a exclusão dos estudantes, uma vez que as escolas encerram o ano letivo e não poderiam participar das atividades em janeiro. “Saem prejudicados os autores que se organizaram, os livreiros que dependem de sua atividade para sobreviver, os estudantes, os visitantes e a comunidade”, afirma a nota.
Este é o segundo adiamento da feira neste ano. A primeira transferência ocorreu após a data original de 20 a 28 de junho ser cancelada. Posteriormente, a feira foi anunciada para acontecer simultaneamente à Semana Farroupilha, uma proposta que, embora vista como “estranho” por dividir o mesmo espaço, a Praça João Corrêa, foi aceita pela comunidade literária.
Os representantes literários argumentam que questões de estrutura e divulgação deveriam ser avaliadas pelo governo atual após a realização desta edição, visando melhorias para 2026. “Por tudo, os representantes da comunidade literária de Canela (…) não veem nas justificativas do Município coerência para a transferência da Feira do Livro – não às portas de sua abertura”, conclui o manifesto.
Assinam o documento os seguintes integrantes da comunidade literária de Canela:
- Márcio Cavalli
- Lisi Berti
- Bel Porazza
- Agostinho Barrionuevo
- Cecilia Lamas
- Vitor Hugo Travi
- Luiz Antônio Nikão Duarte
- Fernando Costa Gomes
- Rosane Costa Warken
- Jessica Rodrigues
- Tânia Pereira
- Ana Paula de Oliveira Marcante
- Magda Beatriz Martins Costa
- Kira Luá Burro
- Ana Carolina Fonseca
- Kuaray Nheery Marcelino
- Mauricio Salvador
- Ana Rocha









